Enchi-me ainda com mais saudade, da falta que me faz, que actualiza mais que memórias, emoções!Emoções intensas que, mesmo passageiras, me fazem sentir viva!
Tenho saudades desses tempos que ficaram para trás e que revisito com volúpia, ainda que só mentalmente, da rua da minha infância que me levava a passear, do jardim onde brincávamos, das pessoas que fizeram parte desse tempo e dessas histórias. Guardo dentro de mim, como relíquia, os almoços prolongados em que passávamos horas a descobrir as soluções para o mundo, as tertúlias em que liamos os nossos poemas, mesmo que muito maus, ou das histórias que revolucionavam o meu pensamento ou mostravam-me um caminho até então desconhecido.
Lembro-me, com nitidez, das grandes histórias que me contava, que me faziam sentir viva, importante e com lugar na história, mas também os pequenos episódios que ilustravam formas de ser e de sentir.
Tinha recursos infinitos de historietas, a propósito de todos os que passaram por perto, e conseguia fazer de um tique, de uma conversa, de um encontro, de um acidente, quase anedotas que se contam e recontam mil vezes, sempre maiores, mais compridas, com mais detalhes, ainda que trapalhonas de exactidão e traiçoeiras de qualquer acontecimento.
Queria uma vulgar conversa começada pelo interrogativo "lembras-te?..."
Fiquei com esse território residual e quase belo desse sentimento impreciso: saudade!
segunda-feira, 23 de março de 2009
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