Do amor, hoje sei o que não me disseram.
Disseram-me, que há uma fase de paixão, uma outra de conhecimento e aprendizagem; depois um tempo de negociação de compatibilidades e projectos e, finalmente, a instalação de rotinas securizantes, interesses partilhados e cumplicidades especiais. Parecia bom, mas é pouco!
Hoje, sei que é redentor, é um refúgio e abrigo, tranquilidade e emoção, um colo quente e feliz. O meu, é corpóreo e corporalizado, vive numa outra pessoa quem tem um toque mais doce, um encaixe mais compatível, um olhar em que se pode mergulhar, um sorriso que nos devolve a serenidade, a confiança e a convicção de que tudo vale a pena.
E eu, como um ser expectante, ansioso e complicado, tantas vezes com pensamentos retorcidos e contraditórios, espero tudo. Parece que o amor é mesmo mágico e aquele imaginário que serve para fazer filmes e propicia contos encantadores materializou-se aqui mesmo ao pé e tranformou-me numa heroína magnífica.
segunda-feira, 25 de maio de 2009
segunda-feira, 23 de março de 2009
Lembras-te?...
Enchi-me ainda com mais saudade, da falta que me faz, que actualiza mais que memórias, emoções!Emoções intensas que, mesmo passageiras, me fazem sentir viva!
Tenho saudades desses tempos que ficaram para trás e que revisito com volúpia, ainda que só mentalmente, da rua da minha infância que me levava a passear, do jardim onde brincávamos, das pessoas que fizeram parte desse tempo e dessas histórias. Guardo dentro de mim, como relíquia, os almoços prolongados em que passávamos horas a descobrir as soluções para o mundo, as tertúlias em que liamos os nossos poemas, mesmo que muito maus, ou das histórias que revolucionavam o meu pensamento ou mostravam-me um caminho até então desconhecido.
Lembro-me, com nitidez, das grandes histórias que me contava, que me faziam sentir viva, importante e com lugar na história, mas também os pequenos episódios que ilustravam formas de ser e de sentir.
Tinha recursos infinitos de historietas, a propósito de todos os que passaram por perto, e conseguia fazer de um tique, de uma conversa, de um encontro, de um acidente, quase anedotas que se contam e recontam mil vezes, sempre maiores, mais compridas, com mais detalhes, ainda que trapalhonas de exactidão e traiçoeiras de qualquer acontecimento.
Queria uma vulgar conversa começada pelo interrogativo "lembras-te?..."
Fiquei com esse território residual e quase belo desse sentimento impreciso: saudade!
Tenho saudades desses tempos que ficaram para trás e que revisito com volúpia, ainda que só mentalmente, da rua da minha infância que me levava a passear, do jardim onde brincávamos, das pessoas que fizeram parte desse tempo e dessas histórias. Guardo dentro de mim, como relíquia, os almoços prolongados em que passávamos horas a descobrir as soluções para o mundo, as tertúlias em que liamos os nossos poemas, mesmo que muito maus, ou das histórias que revolucionavam o meu pensamento ou mostravam-me um caminho até então desconhecido.
Lembro-me, com nitidez, das grandes histórias que me contava, que me faziam sentir viva, importante e com lugar na história, mas também os pequenos episódios que ilustravam formas de ser e de sentir.
Tinha recursos infinitos de historietas, a propósito de todos os que passaram por perto, e conseguia fazer de um tique, de uma conversa, de um encontro, de um acidente, quase anedotas que se contam e recontam mil vezes, sempre maiores, mais compridas, com mais detalhes, ainda que trapalhonas de exactidão e traiçoeiras de qualquer acontecimento.
Queria uma vulgar conversa começada pelo interrogativo "lembras-te?..."
Fiquei com esse território residual e quase belo desse sentimento impreciso: saudade!
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
Contrato
Objecto:Reconhecimento, em consciência clara de que a outra parte é um ser diferente de nós, com existência própria. Árduo trabalho de negociação em que duas pessoas independentes e autónomas seleccionam, mais consciente ou mais inconscientemente, as respectivas características e compatibilidades capazes de fazer funcionar uma relação.
Marta Claro Marques
Marta Claro Marques
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
Silêncio...
Já se sabe que, se a palavra é de prata, o silêncio é de ouro. O silêncio é plural, desdobra-se em sentidos, para os quais são necessários atenção, subtileza e interesse.
Tão focados no saber dizer, tão preocupados com o sermos simpáticos ou parecermos inteligentes através do que dizemos, desprezamos a importância dos silêncios que nós, e os outros, recorremos constantemente. A maioria das vezes achamos que o silêcio é uma mera pausa comunicacional, uma forma de pontuar o discurso, de terminar um assunto e partir para outro.
Mas há qualidades muito diferentes no silêncio...
Há silêncios inibidos, cheios de dúvidas, envergonhados e temerosos.
Há silêncios expectantes, em que se espera o que vem a seguir e se segue passo a passo o raciocínio do outro.
Há silêncios interrogativos, em que quase se vê as mil perguntas por articular.
Há silêncios tensos, em que o clima de zanga ou irritação desce e paira no ar como se a próxima palavra iniciasse uma imensa discussão.
Há silêncios tranquilos, em que nada se diz porque nada há de relevante para dizer, sem que isso questione a comunicação ou a própria relação.
Há silêncios defensivos, que parece quem têm sobrolhos carregados e sete pedras ali mesmo à espera de serem atiradas.
Há silêncios regressivos, em que o tempo actual se congela e o que emerge como emoção vem de lugares recônditos da memória.
Há silêncios reflexivos, que servem de momento de encontro entre ideias e sensações até aí dispersas e imprecisas.
Há silêncios cheios de plenitude e de partilha, em que qualquer palavra é redundante e desnecessária.
Há os silêncios penitentes, os silêncios amuados, os silêncios raivosos, os silêncios críticos e deve haver muitos outros silêncios que eu não sei, porque não os sinto ou não os conheço.
A grande dificuldade do silêncio é a mesma que preside em todos os exercícios de contenção. Quanto mais importante achamos o silêncio e a contenção da ansiedade que lhe está associada, mais corremos o risco de...sermos tão partidários da disciplina do silêncio que podemos passar horas a falar dela.
Tão focados no saber dizer, tão preocupados com o sermos simpáticos ou parecermos inteligentes através do que dizemos, desprezamos a importância dos silêncios que nós, e os outros, recorremos constantemente. A maioria das vezes achamos que o silêcio é uma mera pausa comunicacional, uma forma de pontuar o discurso, de terminar um assunto e partir para outro.
Mas há qualidades muito diferentes no silêncio...
Há silêncios inibidos, cheios de dúvidas, envergonhados e temerosos.
Há silêncios expectantes, em que se espera o que vem a seguir e se segue passo a passo o raciocínio do outro.
Há silêncios interrogativos, em que quase se vê as mil perguntas por articular.
Há silêncios tensos, em que o clima de zanga ou irritação desce e paira no ar como se a próxima palavra iniciasse uma imensa discussão.
Há silêncios tranquilos, em que nada se diz porque nada há de relevante para dizer, sem que isso questione a comunicação ou a própria relação.
Há silêncios defensivos, que parece quem têm sobrolhos carregados e sete pedras ali mesmo à espera de serem atiradas.
Há silêncios regressivos, em que o tempo actual se congela e o que emerge como emoção vem de lugares recônditos da memória.
Há silêncios reflexivos, que servem de momento de encontro entre ideias e sensações até aí dispersas e imprecisas.
Há silêncios cheios de plenitude e de partilha, em que qualquer palavra é redundante e desnecessária.
Há os silêncios penitentes, os silêncios amuados, os silêncios raivosos, os silêncios críticos e deve haver muitos outros silêncios que eu não sei, porque não os sinto ou não os conheço.
A grande dificuldade do silêncio é a mesma que preside em todos os exercícios de contenção. Quanto mais importante achamos o silêncio e a contenção da ansiedade que lhe está associada, mais corremos o risco de...sermos tão partidários da disciplina do silêncio que podemos passar horas a falar dela.
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
Estado suis generis...
Isto de ser capaz de se fazer desejar, querer alguém ou algo, sem mais nem porquê, não é de todo um dado fácil de digerir.
Parece-me definitivamente injusto, entre o truque e a magia, o logro e a ilusão, que haja quem, só porque sim, seja um objecto de interesse e devoção sistemático.
Não sei bem porquê, mas a dada altura, resolveu-se considerar que a capacidade de uns tantos se fazerem amar era uma mais-valia, que por isso, se devia descodificar, aprender e ensinar.
Resolveu-se, e passou-se a tomar-se essa resolução como verdade, que a beleza, a inteligência, o humor, a riqueza, ou qualquer outro atributi raro e invulgar, eram uma espécie de garante de interesses do meio envolvente. Que havia uns tantos atributos melhores que muitos outros e capazes de suscitar sentimentos de insaciável e constante interesse. Que possuir isso, fosse lá o que fosse, exercia fascínio sobre outros, os amaciava suficientemente para serem vulneráveis a influências e a alterações de comportamento.
Decidiu-se que essa caracteristica incomum bem se podia chamar de sedução e que uns poucos eram os sedutores e os outros todos, coitados, os seduzidos.
Afirmou-se a sedução como uma espécie de atracção fatal, os sedutores como vilões cheios de charme e os seduzidos como ingénuos, incautos e desprecavidos tropeçando em quem, só por desporto, sentia prazer, no exercício desse dom raro de inpirar paixão.
Pode ser que assim seja. Que haja sedurtores e seduzidos, bons e maus, bonitos e feios, verdadeiros e mentirosos e mais uma data de pares antitéticos, redutores e simplistas.
Pode ser.
Tenho no entanto para mim, que a relação entre sedutor e seduzido é como a que o velho Nietzche afirmava: "Atrais-me , mas não tens força para me prender".
O que não temos, o que não somos, o que espanta pela raridade e fascina pela perfeição, torna-se, à posteriori, numa trivialidade.
Habituamo-nos com excessiva facilidade ao que nos acontece e cruelmente, como só nós seres humanos sabemos ser, desprezamos o que desejávamos, desvalorizamos o que nos fez sonhar e fazemos pagar com língua de palmo os jogos de gato e rato que a luxúria à solta um dia nos fez jogar.
Deve ser por issoque os grandes sedutores são habitualmente tão infelizes e queixosos dos coitados dos seduzidos.
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