quarta-feira, 12 de março de 2008

A viagem de sonho


Indiscutivelmente é o meu destino de sonho, esta encantadora ilha,localizada entre o Chile e a polinésia francesa, a ilha de Páscoa - ou Rapa Nui - há muito que maravilha e intriga viajantes,historiadores,curiosos e a mim pelos extraordinários moai - as estátuas de pedra - que existem na ilha e que permitem que Rapa Nui viva, hoje em dia, quase exclusivamente do turismo. Uma viagem à encantadora ilha de Páscoa, território do Chile no Pacífico Sul.




ILHA DE PÁSCOA - A ILHA DOS MOAI
Num domingo de Abril de 1722, o holandês Jacob Roggeveen, comandante duma frota de três navios, aporta numa ilha no meio do Oceano Pacífico. Acha que o mais espectacular naquela minúscula ilha de apenas 180 quilómetros quadrados são as centenas de gigantescas estátuas de pedra, quase todas viradas de costas para o mar, que nela existem. Roggeveen dá um nome cristão àquele pedaço de terra, associando-o à festa religiosa que se comemorava nesse dia na sua terra natal, a dezenas de milhar de quilómetros: ilha de Páscoa.



Nessa época, o culto pelos mana, os sábios anciãos, tinha já dado lugar aos festejos do tangata manu, o homem-pássaro. As estátuas eram já de um tamanho descomunal, quase irreal - tal como irreal era a luta fratricida que as tribos rivais travavam entre si, eliminando-se mutuamente e destruindo os moai uns dos outros. Foi assim que começou a autodestruição dos pascuenses, mais tarde “completada” pelos “raides” de piratas peruanos que procuravam na ilha da Páscoa homens fortes e saudáveis para as suas explorações de guano. Quando, em 1846, chegaram à ilha, vindos do Taiti, os missionários franceses encontraram somente 111 sobreviventes - numa ilha que chegara a ter 15.000 habitantes!




POVOAMENTO DE RAPA NUI
Há aproximadamente mil e quinhentos anos, diversos povos da Polinésia, uma zona do Pacífico com milhares de ilhas e ilhotas, deram início à sua expansão, procurando novas terras. Foi assim que exploradores de diferentes ilhas polinésias chegaram a uma pequena ilha no meio do Pacífico e iniciaram o seu povoamento. Deram-lhe o nome de Rapa Nui, que significa “grande pedra”. Traziam consigo culturas e modos de vida diferentes; o único ponto que tinham em comum era o respeito pelos manas, os sábios que estudavam os astros e lhes indicavam o que deveriam fazer: quando deitar as sementes, quando zarpar para apanhar bom peixe ou quando acasalar. Eram também os sábios que decidiam que clã, ou grupo de famílias, se deveria dedicar à agricultura, qual deveria ser pescador ou qual deveria ser construtor de estátuas.



Antes de tomar qualquer decisão importante, os mana retiravam-se para junto de Te Pito Kura, que significa “o umbigo do mundo”, uma pedra altamente mineralizada (ao colocar-se uma bússola sobre a pedra, ela não consegue encontrar o norte, rodando tresloucada) onde colocavam as mãos para recolher as energias necessárias. Esta pedra estava colocada sobre uma plataforma alinhada por um rochedo esculpido em forma de cara, onde caíam os últimos raios solares no Inverno.

Alguns séculos mais tarde, chegou à ilha o lendário rei Hotu Matu'a, antecedido por sete valorosos navegadores exploradores. Dizem que aportaram em Anakena, a praia de areias brancas e de palmeiras, uma praia de sonho. Terão ficado enfeitiçados pela praia, tal como quase todos os visitantes da ilha? Também eles ficaram imortalizados para a eternidade no ahu Akivi com sete moai que representam esses sete primeiros exploradores enviados para preparar a chegada o primeiro rei, Hotu Matu'a.




VIDA QUASE PARADISÍACA
Neste primeiros séculos de povoamento da ilha, a vida era muito simples: como a ilha era de origem vulcânica - tinha surgido após a erupção de três grande vulcões e de outros mais pequenos -, os terrenos eram muito férteis. Os habitantes semeavam poucos legumes, essencialmente batata-doce, inhame, bananas e coco, que se reproduzia sem grande esforço e que era a base da alimentação. A fonte de proteínas vinha de carne branca, de galinhas, que também não necessitavam de grande acompanhamento para a sua criação. Os habitantes tinham assim muito tempo para se dedicarem à construção das estátuas, tarefa muito trabalhosa.


Mesmo assim, e tendo em conta que, para a construção dos moai, não se utilizavam objectos de metal cortantes, é espantoso como se conseguiram fazer estátuas de pedra maciça de 22 metros de altura! Igualmente espantoso é tentar perceber como essas estátuas eram depois transportadas para os ahu, os altares espalhadas pela ilha. Os mais velhos ainda falam de como as estátuas “andavam”, “caminhavam” pela ilha. Segundo nos contou Betty Rapu, a presidente da Associação de Guias de Turismo da ilha de Páscoa, criada anos para transmitir aos “estrangeiros” - e aqui também se incluem os chilenos - a história da ilha de Páscoa, muitas das estátuas eram transportadas na vertical, ou seja, de pé. Deslizavam sobre pedras redondas do mar (há também teorias que dizem que se utilizam para o transporte troncos de árvores - tal como se pode ver no filme “Rapa Nui” que Kevin Costner realizou em 1993), dando a impressão, a quem as via de longe, que as estátuas estariam a caminhar...




O CULTO DO HOMEM-PÁSSARO
A população da ilha foi crescendo, tendo chegado a atingir entre 10 a 15 mil habitantes, um número muitíssimo superior ao que a ilha poderia suportar, tendo em conta que tem somente 180 quilómetros quadrados de superfície! Começaram a surgir invejas, ambições e lutas pelo poder. Muitos dos membros dos clãs que não detinham o poder começaram a insurgir-se contra o facto do poder estar sempre nas mãos das mesmas clãs.



Ao mesmo tempo, o culto pelos mana foi desaparecendo, dando lugar ao culto pelo homem-pássaro, os Tangata Manu. O homem-pássaro era escolhido entre os guerreiros da ilha; todos os anos, na Primavera por ocasião da passagem das aves-fragatas, que iam nidificar nuns ilhotes desabitados mesmo em frente à ilha de Páscoa, havia a grande competição para o homem-pássaro. Estes tinham que participar em diversas competições, que incluía uma prova de natação até esses ilhotes e a procura dum ovo; ganhava aquele que trouxesse o primeiro ovo da ave-fragata. O vencedor tinha então o poder de nomear a clã que iria governar e a que actividades económicas cada clã se iria dedicar.

Os moai deixaram então de representar os mana, mas sim o poder de cada clã. E foi assim que foi crescendo em altura e em peso e deixou de representar alguém sentado mas de pé. Também a pedra em que eram esculpidos deixou de ser encarnada, mas cinzenta, retirada dum outro vulcão. Somente o chapéu continuava a ser esculpido em pedra vulcânica encarnada. Cada clã que governava queria deixar um moai maior do que o moai do clã anterior...




O CULTO PELOS MANA
O culto pelos manas manifestava-se essencialmente após a morte: quando um mana morria, o seu corpo era envolto em folhas de árvore e colocado num círculo de aproximadamente um metro de diâmetro, delimitado por pedras. Quando o corpo já estava decomposto, era lavado nas águas do mar e com os ossos eram feitos amuletos. O que sobrava dos ossos e do corpo e os instrumentos utilizados para o fabrico dos amuletos eram colocados num buraco e tapado por uma estátua de pedra vulcânica encarnada, tirada do vulcão Puna Pau, que representava, o mais fielmente possível, o mana - eis o início da construção das estátuas. Não vinham das mãos de extraterrestres, como o afirmam diversas teorias românticas, mas sim das mãos dos primeiros habitantes da ilha - esta que é a ilha habitada mais isolada do mundo, a quase 4.000 quilómetros da costa do Chile e a mais ainda do Taiti.




AS PRIMEIRAS ESTÁTUAS


Nesta época, as estátuas, ou os moai como são designadas em rapa nui, a língua falada na ilha de Páscoa e que só começou a ser escrita em meados do séc. XX, ainda não eram muito grandes e eram esculpidos em pedra vulcânica encarnada. Os mana eram representados sempre sentados sobre os joelhos com as mãos no regaço - uma posição em que estavam quase sempre durante a sua vida, pois os mana não faziam outra coisa que estudar os astros e meditar. Nas cavidades para os olhos - agora quase todas vazias - eram colocados corais brancos e a íris era feita de obsidiana, uma pedra preta muito mineralizada e muito brilhante. Os moais eram colocados sobre plataformas, os ahu, de costas para o mar e, assim, voltados para a sua aldeia para continuar a proteger os seus habitantes. O número de moai de cada ahu variava. Hoje em dia, o maior ahu é o de Tongariki, com 15 moai, recuperado por uma empresa japonesa de construção de gruas que viu nas estátuas gigantescas de quase 70 toneladas o melhor meio para publicitar os seus produtos...




DEFENDENDO A SUA ILHA DA PÁSCOA
Hoje em dia, a ilha de Páscoa vive essencialmente do turismo, apesar de - felizmente - ainda continuar no seu estado natural e de aparentemente resistir ao turismo de massa.

Os naturais da ilha de Páscoa tentam defender o melhor possível o seu pequeno pedaço de terra - e que é o seu Paraíso. Nos anos oitenta do século XX, conseguiram que o Chile, país a que pertencem administrativa e politicamente - apesar do seu coração e alma pertencer à Polinésia - respeitasse a sua língua natal, o rapa nui, que passou a ser ensinada nas escolas e declarasse a ilha como reserva natural. Para proteger a ilha de “invasões” de continentais e de estrangeiros, a terra não pode sair da posse de pascuenses - mesmo que um(a) pascuense case com um estrangeiro(a) ou com um chileno(a), o cônjuge nunca pode ter terra ou edifício algum em seu nome.




Ilha de Páscoa, Chile PERFECTOOOOOO=)

2 comentários:

  1. mt bem martinha, ilha fantastica :)
    marco ja as passagens?? :P
    beijo gand*

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  2. sempre pensei que fosse apenas uma ilha cheia de calhaus...

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